Causo da caipirolândia

Depois de uma sexta feira um tanto exaustiva, afinal não é fácil trabalhar em SP e ir na balada a 400km de distância, seguida de algumas horas mal dormidas, fui tentar descansar um pouco no fim da tarde de sábado lá na caipirolândia de 10 mil habitantes citada aqui.

Mas era claro que um filho duma quenga ia resolver colocar funk batidão na rua na mesma hora. Óbvio! Botou o chevette tunado na esquina e mandou ver aquela coisa linda, poética. Pronto, eu ia ser obrigado a levantar e procurar a porcaria da espingarda que todo caipira guarda em algum canto da casa.

O pior foi depois de alguns minutos, assim que o instinto assassino começou a sossegar e eu já estava acostumando com o barulho e quase conseguindo dormir... Outros lazarentos resolvem colocar som na esquina oposta! Uma porcaria de música gospel vinda de uma igreja evangélica.

É impressionante como esse povo está com uma necessidade crescente de incomodar os outros. Não basta mais te parar na rua quando você está com pressa, não basta tocar sua campainha e invadir seu jardim aos domingos de manhã, tampouco comprar metade dos horários da TV aberta. É preciso fazer um culto com a potência de som de uma micareta. Assim você não tem escapatória.

E eu lá no meio. No lugar onde eu estava, as duas músicas (cabe a classificação?) chegavam com a mesma intensidade. Aí, enquanto meu ouvido direito escutava funk, o esquerdo ouvia o Senhor. A mistura ficou mais ou menos assim:

No úisque com energético, a gente zoa...
...AAAA LEEEE LUUUU IIIIAAAA

E esfrega, esfrega, esfrega...
...Com a graça de Deeeeeeus

Pára, pa para pára pâra...
... pega na mããão do Senhoooor
E pega no umbiguinho. E agarra, agarra...

Tem condição de dormir?