terça-feira, 29 de abril de 2008

Eu e os eletrônicos sentimentais

Eu tenho uma teoria. Bem, na verdade tenho dezenas de teorias, mas há uma que eu gostaria de compartilhar hoje com meus leitores. A teoria dos eletrônicos sentimentais.

Acredito que diodos, transistores, resistores e capacitores não são objetos inanimados como prega a comunidade científica. Não, eles têm vida e inteligência. Mais que isso, têm sentimentos, são ciumentos e parecem ter tendências suicidas.

Os eletrônicos veneram seu dono e simplesmente não aceitam posições secundárias. Eles não gostam de ser o outro, preferem a morte. Talvez por saberem seu papel temporário na nossa sociedade tecnológica, talvez por orgulho.

Foi isso que aconteceu com um relógio que eu tinha. Funcionou perfeitamente por mais de cinco anos sem sinais de desgaste, tanto no mecanismo quanto na parte externa. Um belo dia peguei-me admirando um novo modelo em uma vitrine. Pensei "acho que já posso trocar de relógio mesmo, mas o velho ainda está perfeito. Dá até dó. E raiva...". Uma semana depois e pimba! Suicídio do velho, abrindo caminho e pretexto para a nova aquisição.

Recentemente foi um colega que comprou um computador novo e decidiu usar o monitor do velho. "Vou esperar mais um pouco e comprar um de LCD", disse ele. E quem disse que o bom e velho CRT esperou? Foi só ligar e... bzzzzz pof!

Isso já me aconteceu com celular, câmera, televisão, e a mais recente vítima foi meu mp3 player genérico. Vindo de uma época em que ser top de linha significava ter 512mb de memória, o bichinho surpreendeu pela robustez. Caiu das mais diversas alturas. Foi umidecido, molhado, encharcado. Suportou altas temperaturas, chacoalhadas, bolsos de bermuda de corrida (mas acho que congelado ele não foi). Foi perdido e reencontrado inúmeras vezes. Um verdadeiro guerreiro, diria o sensacionalista.

Mas ele não resistiu à minha mais recente compra, um iPod novo e bacanudo. Suicidou-se sem mais nem menos. Mal sabia ele que havia espaço para os dois... Saco!

Nenhum comentário: