terça-feira, 4 de março de 2008

O conflito sulamericano - Versão for dummies

Nos últimos dias tenho lido várias notícias e notas sobre esse conflito entre Colômbia, Equador e Venezuela. Quanto mais leio, maior é minha indignação com a situação. O negócio é simplesmente patético, é de dar dó ver chefes de Estado se comportando como pré-adolescentes, ou melhor, como homens em crise de meia-idade. Tanto que quero ilustrar como vejo a história, é a minha versão for dummies e sem cortes.

O cenário é uma rua pacífica de um bairro residencial. Imagine uma mistura do palco de Dogville e a rua da casa do Kevin Arnold, de Anos Incríveis. Nossos três protagonistas são vizinhos, na ordem: Corrêa (Equador), o Uribão (Colômbia) e Chávez (Venezuela).

O Corrêa é um senhor careca e barrigudo, daqueles que andam de regata branca e bermuda jeans suja. Aposentado, divorciado, ninguém sabe exatamente o que ele faz, além de criar um filho. Os vizinhos desconfiam que o moleque é adotado, alguns acham que ele o achou na rua sendo alimentado por um gambá. Anda sempre com um estilingue, boné virado para trás e nariz melecado.

Este mini-delinquente vive a atazanar a vida de Uribão, um cara esquisitão, que recebe visitas ainda mais esquisitas. Vira e mexe ouvem-se barulhos suspeitos e fumaça indefectível saindo de seu quintal. O fato é que Uribão é um cara tranquilo, tanto que nunca reclamou dos vidros e telhas quebrados pelo garoto. Ele já tentou conversar com o Corrêa, mas não adiantou.

Só que uma hora a casa cai. No dia que o moleque jogou uma cadela morta em seu quintal, Uribão não resistiu. Perseguiu o menor com a famosa havaiana de pau em mãos. A criança ainda tentou refugiar-se em casa, mas Uribão pulou a cerca e acertou um primoroso arremesso de havaiana, bem na testa do moleque. O Corrêa estava ocupado vendo televisão e mal tomou conhecimento. Alguns vizinhos da rua de cima viram a cena e não puderam conter as risadas.

Ficaria por isso mesmo, não fosse o outro vizinho. Chávez é do tipo que adora confusão, um novo-rico grosseirão, daqueles que anda com pulseira de ouro e ignora os parentes pobres. Adora falar alto, desbocado e dono da verdade (comportamento que, cá entre nós, geralmente encobre um belo viadinho campestre). Ao menor sinal de barulho, sai de casa com seu rottweiler raivoso. Vai dar uma geral na rua, com um olhar superior e camisa xadrez aberta até o umbigo.

Mesmo sem ter nada a ver com a história, avança com dedo em riste na direção de Uribão, um sujeito de quem nunca gostou. Chávez grita do meio da rua:

- Ô Corrêa, esse sujeito aqui invadiu sua casa e agrediu seu precioso filho. Você não pode deixar isso barato não. Vem aqui que eu te ajudo a dar umas pancadas nele. Afinal, você é um homem ou uma donzela?

Nisso Corrêa aparece na rua, subindo o zíper da bermuda com uma mão e carregando um taco de beisebol na outra. O Uribão já ficou esperto com a situação e começa a ajeitar o seu soco inglês. Ele sabe que o ricaço da esquina, seu colega Jorge, já está de olho na cena. Provavelmente carregando sua pistola automática, para não perder a chance de talvez alvejar o cachorro de Chávez do alto de sua mansão com cerca elétrica, seu desafeto declarado.

A vizinhança já começa a voltar os olhos para a confusão e a turma do deixa-disso se articula. Tem gente preocupada em perder as bolinhas de gude que estavam com o pequeno delinquente. Até nosso amigo Lulinha apareceu na esquina, esfregando mãos suadas, denotando o nervosismo. Logo ele que quer ser visto como bom amigo e camarada de toda a população do bairro, apesar de todos saberem que são dele os gemidos ouvidos na casa de Chávez todo sábado à noite.

A melhor solução agora é simples, bastaria alguém entregar um revólver para cada um dos três. E que se explodam.

Um comentário:

Red disse...

Ei... mas e o moleque catarrento? E o moleque?